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1. |
Zero
00:33
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2. |
Noite
04:29
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de dizer: a boca a salivar
de sentir: pálpebra e olhar
pele pelo céu - boca a estrelar sangue, doce véu - veia a pulsar
pra lamber: dentes, jugular
pra quebrar: cheiro, avançar pele pelo céu - boca a estrelar sangue doce véu - veia a pulsar
a noite, paz
no frio jaz
em sortes já banais o dia traz
escuro a mais
em sonos abissais
toda a luz vai esconder o que há de morto em você toda a luz vai mostrar que já não é nada
e quando a noite entender o que há de errado em você é quando a noite vai mostrar que já não é nada
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3. |
Nada
03:33
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sonhos cinzas pra lembrar e a verdade que nunca mais irá calar sozinhos, nadando em gente dizendo que você nunca mais irá sonhar
nada mais importa agora
nada que eu possa de verdade me importar
tudo o que eu sou, não lembro
algo que eu possa talvez me encontrar
na verdade tudo o que eu já sei
não vai mudar você
de verdade tudo o que eu não sei
é nada pra você
eu sei o que é estar sozinho
eu sei o que é estar onde não se quer estar
e tudo o que eu tenho agora
é uma lembrança que talvez possa me salvar
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4. |
Cela
03:59
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como pedra
se angustia
exaurido
em pedaços
sob a fé
do abismo
a certeza
da verdade
em sua cela
em sua casa
desespera
amordaça
como leito
todo o medo
em teu peito
tempestade
sob juras
outra face
da clareza
piedade
eu não sei ser
eu não sei ver
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5. |
Olhar sem lar
03:31
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a lâmpada corrói
lânguida esculpe
a tâmara facial
o nômade ocular
a maçã de um rosto
o oposto do gosto
apenas pele e osso
e o olhar sem lar
a pálpebra cansada
a dádiva virada
o pálido cinzento
o ânimo rebento
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6. |
Sol
05:22
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“nem tudo o que existe já é seu”
já fomos pra longe, o mundo esqueceu
eu não sei escrever, eu não sei tocar e mesmo assim
tudo o que eu sou é o que eu não sei
tanto tempo faz que não há mais
mentiras ao tentar seguir em paz
nós somos o passado, somos pó
se tanto tempo jaz em nosso sol
essas melodias não são minhas
dedos em acordes que não são lugar algum
e se mesmo assim, sem saber, você me ouvir
saiba que sou só meu sol, em si
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Varney Campos, Brazil
Em Fantasma, a Varney visitou a filosofia, a rispidez das guitarras, as melodias vocais e instrumentais e explorou em todas
as suas composições a língua portuguesa.
Baseados no trabalho de Fernando Pessoa, que escreveu o poema “Tabacaria” sob uma de suas personalidades (a de Álvaro de Campos), a Varney compôs 11 temas que sonorizam as ideias deste incrível poema.
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